Santuário de Anchieta: o jesuíta que defendeu indígenas e virou santo

Desde que começaram os burburinhos sobre a real possibilidade do Papa Francisco canonizar o padre José de Anchieta, uma importante preparação começou. O Santuário de Anchieta, no Espírito Santo, se pôs pronto para receber peregrinos que amam e devotam o Apóstolo do Brasil, como ficou conhecido o jesuíta defensor dos indígenas.

Para saber mais dessa história, você pode visitar a cidade que leva o nome do santo, no litoral sul capixaba onde fica o Santuário Nacional de Padre Anchieta.

Santuário Nacional de Padre Anchieta

O Santuário Nacional de Padre Anchieta, que teve a pedra fundamental lançado pelo próprio Anchieta, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e fica na Praça da Matriz.

No Santuário, ainda acontecem celebrações e o templo fica aberta diariamente para visitas, que incluem um passeio pelo quarto onde viveu o mais novo santo do Brasil.

Chamada estranhamente de cela, a pequena habitação tem vista para o Rio Benevente e para o pátio da Casa Jesuíta – que hoje está desativada.

Não há mobílias que lembrem os costumes do velho padre. Apenas algumas cadeiras, um quadro e um pequeno altar com um pedaço da tíbia de José de Anchieta – presente do governador dado em 1888.

Voltados para um crucifixo pendurado em uma parede de pedras, fieis fazem orações e depositam os seus pedidos ao novo intercessor.

Mas a visita não acaba no quartinho que era ocupado por Anchieta.

O prédio, restaurado na segunda metade de 1990, tem sinais que expõem áreas até então desconhecidas.

O santíssimo, por exemplo, foi restabelecido sobre escavações da fundação original. No templo, o retábulo que cobria toda a parede do fundo foi removido mostrando uma pintura do século 17.

Há ainda um Centro de Interpretação – um pequeno museu – onde estão antigas imagens e objetos litúrgicos.

Há peças de arte sacra de diversas épocas, objetos resgatados nos estudos arqueológicos de toda a área do Santuário e documentos que contam a história e o trabalho do santo, e como foi  seu processo de canonização.

História de José de Anchieta

Anchieta nasceu em São Cristóvão de la Laguna, no arquipélago das ilhas Canárias, território espanhol. Aos 18 anos decidiu participar de uma missão evangelizadora que deixaria Portugal com destino ao Brasil.

Depois de ajudar na empreitada de erguer o Colégio Jesuíta de Salvador, na Bahia, o jovem peregrino avançou. Finalmente, chegou, pela primeira vez, à aldeia Reritiba, hoje cidade de Anchieta.

Na aldeia, estava rodeado por mais de 40 mil indígenas e foi nela que o jovem Anchieta percebeu que seu maior desafio seria lutar contra os portugueses que escravizavam, torturavam e abusavam sexualmente dos indígenas.

Um ano depois, em 1554, Anchieta fundou o Colégio Piratininga, onde mais tarde seria a cidade de São Paulo.

Passados alguns anos, já ordenado sacerdote pela Igreja Católica, José de Anchieta decidiu passar um tempo em Reritiba. Foi onde ele lançou as bases da primeira igreja e residência dos jesuítas na região, que só ficaram prontas em 1565.

Com um legado de amor e cuidado pelos indígenas, o padre morreu aos 63 anos vítima de um acidente fatal: Anchieta caiu da escada que levava para o seu quarto ao tentar socorrer um indígena doente.

São José de Anchieta foi declarado santo no dia 3 de abril de 2014 por um decreto do Papa Francisco, alcançando o maior reconhecimento da Igreja.

Como visitar o Santuário de Anchieta

Quando ir

O Santuário abre todos os dias, das 8h às 20h.

O Centro de Interpretação funciona de terça a domingo, das 09h às 17h. A loja abre todos os dias, das 09h às 17h e o café Rerigytyba funciona de terça a domingo, das 14h às 20h.

As missas acontecem de segunda a sábado, às 19h, e aos domingos, às 8h30, 10h30 e 19h.

Como chegar

Anchieta fica a 85 quilômetros de Vitória.  De carro, siga pela Terceira Ponte em direção a Vila Velha e, depois, pela Rodovia do Sol no sentido Guarapari. A cidade de Anchieta fica 28 quilômetros depois de Guarapari.

Na avenida principal do Centro – que margeia a praia – você verá o pórtico de entrada para o santuário. Há cobrança de pedágio de R$ 10,90 na Rodovia do Sol

De ônibus, a viagem dura cerca de duas horas. A viação Planeta cobra R$ 42 pela passagem em carro executivo e R$ 30 em ônibus convencional.