O Memorial do Muro de Berlim – Gedenkstätte Berliner Mauer, em alemão – é a principal fonte de memória do que foi a divisão do mundo em duas partes e da era da Guerra Fria. Aqui, essa história é contada por meio de pedaços do muro que ainda estão de pé. E também de tantas outras dolorosas lembranças que os alemães fazem questão de manter acessíveis a turistas do mundo todo.
O muro foi construído na madrugada do dia 13 de agosto de 1961. Famílias foram divididas, amigos não podiam mais se encontrar e o sonho de uma Alemanha mais forte e unida ficou ainda mais longe. E é caminhando pela Rua Bernauer – Bernauer Straße, em alemão – que dá para ter uma ideia do impacto e da brutalidade cometida pelo governo da República Democrática Alemã, controlada pela antiga União Soviética desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O muro de concreto que cercava a parte capitalista de Berlim foi construído pela República Democrática Alemã durante a Guerra Fria. Além de dividir a cidade em duas, simbolizava a luta mundial entre os países capitalistas, liderados pelo Estados Unidos, e os socialistas, comandados pela antiga União Soviética.
Repentinamente erguido na madrugada de 13 de agosto de 1961, o muro percorria mais de 150 quilômetros. Aos poucos foi ganhando cercas elétricas, grades e outros mecanismos que tentavam impedir a fuga de pessoas de um lado para o outro. Além disso, o Muro de Berlim era vigiado dia e noite por militares da Alemanha socialista. A ordem era atirar para matar todos os que tentassem escapar pulando ou escavando túneis.
No final da década de 1980, o movimento separatista comandado pelo lado socialista começou a se enfraquecer. Isso se deu não só devido ao grande apelo internacional como principalmente por causa de uma onda de revoluções que afetou fortemente todo o país.
Sem chances, o governo oriental anunciou no dia 9 de novembro de 1989 que, a partir daquele dia, todos os cidadãos poderiam cruzar o muro, sem restrições. Imediatamente, multidões de alemães orientais atravessaram o Muro e se encontraram com amigos e parentes que viviam do outro lado, gerando um clima de celebração nunca visto antes.
A queda definitiva do Muro de Berlim foi um processo que durou semanas. Nele, participaram homens e mulheres de todas as idades munidos com as mais diversas ferramentas. Todos se empenhando em por abaixo a estrutura de concreto que os separou por quase três décadas. Oficialmente, a data da queda é comemorada em 3 de outubro de 1990.
Essa rua foi o centro mais radical da divisão. Para você ter uma ideia de como isso afetou de maneira prática a vida das pessoas, a Igreja da Reconciliação, que provavelmente era frequentada por gente de toda a vizinhança, passou a ser restrita a quem morava no lado oriental da cidade.
Como o muro passava exatamente em frente à sua entrada principal, ela acabou sendo ocupada pelos guardas soviéticos. Isso até ser demolida em 1985 durante uma série de catastróficas intervenções que pretendiam desobstruir as margens do Muro. Seu espaço deu lugar ao que mais tarde ficou conhecido como faixa da morte.
Do antigo templo restam apenas os sinos, parte de uma cruz e o traçado no chão que mostra o espaço que ele ocupava. Anos mais tarde, a Capela da Reconciliação foi construída aqui. Atualmente, está fechada para visitação.
De forma semelhante, o Cemitério Sophien também viveu os impactos do Muro. Aqui, vários túmulos precisaram ser retirados por causa da zona de isolamento. O acesso passou a ser restrito a quem vivia do lado comunista da cidade. No Memorial é possível ver as ruínas de algumas sepulturas e estruturas do cemitério.
Casas, prédios e qualquer outra construção que estavam na linha do muro também foram evacuadas e derrubadas pelos soviéticos.
Em todo o espaço do Memorial há placas indicativas, painéis que explicam cada detalhe, vídeos originais e áudio-guias. Esses elementos são super importantes para que você entenda melhor o que se passou nessa área de Berlim. Em algumas partes do Muro foram colocadas estacas de ferro e em vários pontos da cidade é possível ver uma linha no chão feita de paralelepípedos que mostra onde o Muro ficava.
Em outras partes da cidade você também pode ver trechos do muro. Em East Gallery, artistas encheram as dolorosas paredes do muro de cores. Na Praça Postdamer, onde painéis explicam um pouco dessa triste história.
Vítimas do Muro de Berlim
O Muro de Berlim ficou de pé durante 28 anos e muitas pessoas morreram ao tentar fugir de seus limites. Não existe um número exato de vítimas, já que os soviéticos abafavam muitos casos de morte. Acredita-se que pelo menos 136 pessoas morreram ao tentar escapar do Muro de Berlim entre 1961 e 1989. Todas essas vítimas têm seus nomes ou fotos gravados no Memorial.
A maioria delas foi assassinada pelos guardas e morreu na hora, outras morreram por causa dos ferimentos. Algumas pessoas se suicidaram ao perceberem que a fuga havia dado errado. Para não serem presas, preferiram a morte. Outras vítimas foram erroneamente identificadas como fugitivos da polícia e assassinados por guardas do Muro.
Entre as vítimas do Muro de Berlim estão muitas crianças, cerca de 42. Do total de mortos, 98 tentavam passar para o lado ocidental. Enquanto 22 queriam fazer o caminho inverso, provavelmente para encontrar amigos ou parentes do lado oriental. Oito soldados morreram durante seu trabalho de vigia na fronteira.
Outras dezenas de pessoas perderam suas vidas em condições semelhantes fora da área de Berlim, mas esse número ainda é desconhecido. Aqueles que sobreviveram e foram presos – estima-se que mais de 750.000 -, responderam por crime de deserção, sujeitos a uma pena de dois anos de cadeia.
Programe sua visita ao Memorial do Muro de Berlim
Quanto custa | A entrada no Memorial do Muro de Berlim é gratuita. Passeios guiados são oferecidos aos domingos às 15h a um custo de EUR$ 3 por pessoa em grupos de, no mínimo, dez pessoas.
Quando ir | A parte aberta do Memorial pode ser visitada todos os dias do ano, já o Centro de Visitantes, que funciona do outro lado da rua, abre de terça a domingo, das 10h às 18h.
A primavera e o verão são as melhores épocas do ano para visitar a Alemanha. Os dias são mais claros, mais longos e a temperatura mais agradável, ideal para atividades ao ar livre. Em Berlim, chove mais nos meses de junho a agosto, e o frio é constante de dezembro a fevereiro.
Como chegar | O Memorial do Muro de Berlim fica na Rua Bernauer e para chegar aqui você pode tomar os trens das linhas S1, S2 e S25, e da linha U8. Os bondinhos da linha M10 também passam aqui.
Berlim tem dois aeroportos internacionais, o Brandemburgo (BER) e o Tegel (TXL), e ambos recebem voos partindo do Brasil.
Onde ficar | Eu consegui uma promoção super bacana no Meilã Berlin e aproveitei para ficar em uma das áreas mais concorridas da cidade – no Mitte, pertinho da Ilha dos Museus e da Alexandreplatz. O hotel é um quatro estrelas, tem quartos excelentes com uma vista fantástica da cidade, mas peca em um item bem básico: a internet grátis é limitada.
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Visto e documentos | Brasileiros não precisam de visto para entrar na Alemanha, e podem permanecer aqui por até 90 dias. Na chegada, o oficial da imigração poderá exigir, além de seu passaporte, a passagem de volta e o comprovante do seguro viagem, que é obrigatório para todos os países que assinaram o Acordo de Schengen.
Outras informações | Para ver outras informações sobre a Alemanha e planejar sua viagem com mais precisão, leia: Viagem para a Alemanha: o que você precisa saber. Para quem gosta de cinema, uma boa dica é dar uma olhada nessa lista: Nove filmes sobre a Segunda Guerra Mundial.
Respostas de 4
Obrigado, Adriano. 😉
Parabéns pelo trabalho, me ajudou a montar meu roteiro de viagem.
Obrigado, Isabela. 😉
Adorei a matéria: excelente explicação e belíssimas fotos.
Parabéns pelo trabalho!
Até mais