Poucas pessoas já pisaram Baía de Wulaia, que fica quase no fim do mundo. Entre os privilegiados, está Charles Darwin, naturalista britânico que chegou a bordo do navio Beagle.
Ele queria conhecer melhor a fauna, a flora e os primeiros habitantes da Ilha Navarino, onde está a Baía de Wulaia.
Desde 2007, a ilha é uma concessão do governo chileno à Cruzeiros Australis.
A empresa opera navios no extremo sul do continente, região que ficou conhecida como Terra do Fogo, onde tudo era gelo até alguns milênios, a vida se desenvolve de forma curiosa e quase inacreditável.
A bordo do navio de expedições Stella Australis, na programação de hoje estão a Baía de Wulaia e o Cabo de Hornos – o ponto mais mítico desta viagem.
O desembarque na baía é tranquilo e logo já estou pronto para começar a explorar a ilha.
Na Baía, tenho duas opções: fazer uma trilha subindo até 180 metros e ver todo esse pedaço de mar do alto ou caminhar pela praia em um passeio leve e sem muita aventura.
Como vou parar duas vezes na Baía de Wulaia – eu estou fazendo o roteiro que vai de Punta Arenas a Ushuaia e retorna para Punta Arenas – dá para experimentar as duas opções.
Trilha na Baía de Wulaia
Subir o pequeno monte é bem interessante.
A trilha tem um grau de dificuldade entre médio e alto, mas o grande ponto de atenção é que o caminho é muito escorregadio, já que a umidade é extremamente alta com chuva, neve e ventos constantes.
A paisagem é linda. Pequenos riachos escorrem da montanha e são vencidos com a ajuda de pontes de madeira.
A vegetação, na primavera, começa a se revigorar depois do tenebroso inverno patagônico.
Nas árvores, musgos crescem sem fim e em algumas percebo uma deformação nos caules.
Diana Martin, a guia da expedição, conta que elas são causadas por um fungo que ataca as árvores. Para se defenderem, elas cobrem o fungo criando algo como se fosse um imenso tumor.
Desafios da natureza
O incrível é que o fungo não morre. Vivo, solta frutos de tempos em tempos para nos lembrar de que a vida na Patagônia é muito mais rica do que parece ser.
Avanço mais alguns metros até a primeira parada de descanso.
Com o fôlego recuperado, sigo até encontrar um lago artificial criado por castores.
Trazidos por fazendeiros interessados em vender a pele do bicho para a indústria da moda, eles se transformaram em praga depois de terem sido abandonados nas ilhas e fiordes da Patagônia.
Hoje, é possível ver clareiras no meio do bosque, que demorará décadas para se recuperar.
Outra praga deixada pelo homem na Baía de Wulaia, especialmente na Ilha Navarino, é o porco doméstico.
Havia uma fazenda, mas, quando os seus donos decidiram se mudar para Punta Arenas, eles simplesmente abandonaram aos animais na ilha. Soltos na natureza, eles se reproduziram e hoje são percebidos pelos buracos que fazem na vegetação em busca de alimento.
Mais alguns metros de caminhada e chego ao mirante.
Boa parte da Baía de Wulaia está ao alcance dos meus olhos. As ilhas Coihue, Conejos, Button, Hostel, Aguila e o Monte King Scott estão à minha frente.
Sento-me em um dos bancos feitos com troncos de madeira e todos fazemos silêncio. É hora de ouvir a natureza.
Para quem acha que subir é difícil, a descida pode ser ainda pior com um chão tão escorregadio assim. Me agarro nos trocos e em algumas cordas que a equipe de expedição usa como apoio e chego à enseada sem tombos, diferentemente de muitos outros que caíram pelo caminho, mas sem nada grave.
Centro de Visitantes
É hora de visitar a única casa da ilha.
Na verdade ela era a sede de uma antiga estação de rádio que controlava a navegação e passava orientações sobre o clima na região.
Hoje, restaurada, ela é uma espécie de Centro de Visitantes com alguns painéis e objetos interpretativos sobre a história da ilha e da Baía de Wulaia.
Entre eles, uma réplica da canoa utilizada pelos Yámanas, os aborígenes que habitavam esta região e que eram considerados nômades: eles navegavam com destreza entre as ilhas da Terra do Fogo e só paravam para caçar, pescar e se alimentar.
Aliás, a Ilha Navarino não é apenas um paraíso da natureza, ela é cheia de vestígios arqueológicos desse antigo povo que vivia nu, sem qualquer outra proteção a não ser a gordura de animais marinhos que untava a pele, tornando-a impermeável e mais resistente ao rigoroso frio do extremo sul americano.
Alcançados por missionários estrangeiros, os Yámanas foram aculturados e começaram a morrer quando passaram a usar roupas.
Planeje sua visita à Baía de Wulaia
Quando ir
A temporada de cruzeiros nessa parte do mundo começa em setembro e vai até abril, mas os melhores meses são de novembro a janeiro, quando há mais baleias, pinguins e outros animais na região.
Como chegar
A Cruzeiros Australis é a única empresa de turismo autorizada a atracar seus navios na Baía de Wulaia.
O cruzeiro-expedição parte de Punta Arenas e de Ushuaia. Há viagens de três, quatro e sete dias que percorrem parte do Estreito de Magalhães e os belos fiordes patagônicos.
Quanto custa
A viagem no estilo all inclusive – isso inclui bebidas alcoólicas – custa a partir de USD 2.900 e varia de acordo com a quantidade de dias e com o navio escolhido.
O que levar
Esteja preparado para o frio.
O ideal é usar agasalhos no estilo de camadas, de modo que você possa tirá-los à medida que caminha e que seu corpo se aquece. Uma segunda pele, um casaco intermediário e um impermeável completam as três camadas.
O mesmo vale para as pernas. Use sapatos de trekking – ou equivalentes – que sejam impermeáveis e confortáveis.
Leve um par de luvas, gorros e o que achar conveniente para se proteger. Óculos de sol e protetor solar são indispensáveis.
Informações Básicas
Visto
Não é necessário ter visto para entrar no país e o tempo de permanência é de até 90 dias.
Documentos
Você pode apresentar o passaporte ou a carteira de identidade emitida há menos de dez anos.
Moeda
O peso chileno, representado pela sigla CLP, é a moeda local. Você pode levar dólares e trocar ao chegar.
Vacinas
Não há exigência de vacinação para nenhuma doença não importa qual seja o motivo da viagem.
Informações sobre covid-19
Desde 9 de maio de 2023, as autoridades chilenas deixaram de exigir comprovantes de vacinação e testes RT-PCR de todos os viajantes, vacinados ou não.
Seguro viagem
Apesar de não ser obrigatório, viajar sem um seguro viagem com cobertura para covid-19 não é uma boa ideia.
É que nem todos os países têm um sistema de saúde público e gratuito. Na verdade, na maioria deles, viajantes estrangeiros não têm acesso a assistência médica gratuita. Por isso, é muito importante ter o seguro internacional de saúde – também chamado de seguro viagem –, mesmo que ele não seja obrigatório.
O custo de um seguro viagem é menor do que se costuma pensar e ele garante que você terá atendimento em casos de emergências médicas comuns, como acidentes de trânsito, intoxicações alimentares, acidentes vasculares e infartos cardíacos, por exemplo.
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Se preferir, pode falar comigo no Instagram: @altiermoulin. Agora, aproveite para ver mais dicas do Chile.
Respostas de 2
Obrigado, Andrea.
Adorando suas dicas, tudo anotado!