Quem viaja ao Peru tem a oportunidade de sobrevoar as Linhas de Nazca, um dos maiores mistérios na humanidade. A experiência é, no mínimo, intrigante, mas é necessário estar preparado para esta aventura – você vai entender por quê.
A civilização que habitou a região do altiplano peruano, onde hoje está a pequena cidade de Nazca, ficou famosa pelos gigantescos geoglifos que produziu em uma área de cerca de 450 quilômetros quadrados, no meio do deserto.
Essas figuras geométricas, de animais, de plantas e até de – supostamente – um astronauta se espalham por todas as direções, e a melhor forma de observá-las é do alto.
Descoberta das Linhas de Nazca
As Linhas de Nazca foram vistas pela primeira vez quando a Faucette, uma antiga companhia aérea peruana, começou a voar a partir de Lima para Arequipa, na década de 1920.
Naquela época, os pilotos notaram algumas linhas no deserto entre os vales de Palpa e Nazca e logo elas chamaram a atenção de estudiosos e de muitos curiosos.
A descoberta dos pilotos trouxe o arqueólogo Toribio Mejia Xesspe a Nazca, em 1926, e sua pesquisa chegou à conclusão de que as linhas eram parte de antigas estradas sagradas. Entretanto, o arqueólogo nunca teve a chance de sobrevoar as Linhas e só estudou as linhas retas.
A descoberta considerada mais apropriada das linhas foi feito, em 1939, por Paul Kosok, da Universidade de Long Island, nos Estados Unidos.
Kosok esteve em Nazca para estudar os antigos sistemas de irrigação, mas, enquanto procurava os canais em um sobrevoo, viu centenas de linhas e formas geométricas no deserto.
O arqueólogo pediu, então, ao piloto para sobrevoar as Linhas de Nazca e, para sua surpresa, foi conduzido ao desenho de um imenso pássaro.
Kosok conheceu Maria Reiche, que anos depois dedicou sua vida a estudar e preservar as linhas, tornando-se mundialmente famosa por seu trabalho.
As Linhas de Nazca foram declaradas Patrimônio da Humanidade em 1994, e se tornaram a atração principal da cidade de Nazca.
A cidade de Nazca
Nazca é uma cidade frequentemente atingida por abalos sísmicos.
Posso me lembrar de uma madrugada em que acordei sentindo o chão tremer e ouvindo o barulhinho das janelas batendo. Eu demorei a me dar conta do que estava acontecendo, mas foi tudo muito rápido – apenas alguns segundos.
Pela manhã, confirmei minha suspeita com o rapaz da recepção do hotel: um terremoto, que alcançou 5.1 graus na escala Richter, havia atingido a cidade enquanto eu dormia.
Há 12 anos, Nazca foi abalada por um tremor que destruiu boa parte dos seus prédios. Atualmente, reconstruída, ela é a base para quem deseja sobrevoar as Linhas de Nazca.
Como já comentei, o sobrevoo é a melhor forma de ver as Linhas de Nazca, por que as as imagens são tão grandes que são apenas percebidas do alto.
Esse fato levou à especulação de que o antigo povo nazca tinha acesso a balões de ar quente e até mesmo que teria sido ajudado por alienígenas. Entretanto, a comunidade científica atribui a precisão das linhas às técnicas de levantamento de baixa tecnologia.
Os desenhos das Linhas de Nazca
A primeira figura que você vai ver logo que começar a sobrevoar as Linhas de Nazca é a baleia, uma enorme divindade marinha localizada no lado oeste do complexo arqueológico.
Depois, aparecem algumas figuras geométricas. Elas têm, pelos menos, dois quilômetros de largura e, segundo estudiosos, eram usados como caminhos para cerimônias religiosas em datas consideradas importantes para os nazca.
Há poucos quilômetros está a figura que mais assombro causou: o astronauta.
Diferente das outras figuras, o astronauta foi desenhado sobre o topo de um pequeno morro. Seu corpo está em direção ao sul e, segundo estudiosos, ele não representa um astronauta e sim um xamã, alguém com poderes mágicos e que podia adivinhar o futuro.
Depois, você vai sobrevoar a figura do macaco, um enorme desenho que mede 90 metros.
Em seguida, é hora de observar a figura do cachorro que está localizada a poucos metros do macaco. Algumas pessoas dizem que esta figura não é o desenho de um cachorro, e sim de uma raposa.
Continuando a aventura de sobrevoar as Linhas de Nazca, na parte oeste é possível observar uma das figuras mais bonitas: o colibri.
Segundo pesquisadores, esta figura era uma maneira de saber quando estava próxima a chegada do verão, pois o bico da ave está apontado para a direção do nascer do sol. Isso também quer dizer que o colibri era uma ave que aparecia somente no verão.
Depois do colibri, tem a figura da aranha, que chega a medir 46 metros.
A poucos metros dela está o condor, ave símbolo da Cordilheira dos Andes.
→ Cânion do Colca e o majestoso voo do condor
A próxima figura está localizada no vale: o flamingo tem 300 metros de comprimento.
Depois, você vai ver a figura do papagaio, um belo desenho em sua forma mais elegante.
Em seguida, vai sobrevoar a rodovia onde estão localizadas as figura da mão e da árvore. Observando com atenção, perceba a figura de um lagarto, bem perto da figura da árvore.
Depois de sobrevoar as Linhas de Nazc, é hora de chegar mais perto delas. Na rodovia que corta o deserto, a Carretera Panamericana Sur, há um mirante de onde é possível ver algumas das figuras mais de perto.
Sobre a cultura nazca
Foram os nazca que criaram essas representações de figuras geométricas, de animais, de seres mágicos e de objetos, que também são vistas na cerâmica e nos tecidos encontrados em Cahuachi, a principal cidade desse povo.
O desaparecimento dessa civilização começou com uma série de desastres naturais que atingiu sua capital e principal centro de peregrinação.
As coisas pioraram quando um forte terremoto destruiu completamente suas edificações e deixou a sociedade à beira do desaparecimento.
Ainda enfraquecidos, os nazca decidiram construir uma nova base no lugar onde hoje está a cidade de Nazca.
A cultura nazca despertou o interesse dos pesquisadores por meio de sua cerâmica quando, na década de 1890, o alemão Max Uhle estudava amostras de várias partes do mundo.
A remessa que o arqueólogo analisava continha muitas obras da América do Sul, incluindo alguns impressionantes e coloridos trabalhos do povo nazca, até então totalmente desconhecido.
Intrigado com o que viu, Uhle viajou ao Peru para examinar as origens daquelas peças, e iniciou suas escavações até encontrar novas amostras.
Estudando fragmentos encontrados entre as Linhas de Nazca, o cientista entendeu que o povo nazca se reunia no deserto para cultuar seus deuses. Assim, os estudos de Uhle revelaram a cultura nazca para o mundo.
A casa onde morou Maria Reiche, pesquisadora que se dedicou ao estudo das Linhas de Nazca por longos anos, abriga um pequeno museu que conta um pouco de sua história. Nele, você verá um pouco do confuso estilo de vida de Reiche e poderá visitar o lugar onde estão seus restos mortais.
Reiche e seu colega, o professor Paul Kosok, foram os primeiros cientistas europeus e norte-americanos a estudar os desenhos. Depois que Reiche convenceu a Força Aérea Peruana a voar acima das linhas, ela publicou uma teoria sugerindo que as linhas poderiam ser calendários astronômicos devido à forma como se alinhavam com o sol.
Embora isso tenha sido refutado, seu estudo intenso expôs a importância das Linhas de Nazca. Graças à pesquisa e escrita de Reiche e Kosok, elas foram protegidas como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Como sobrevoar as Linhas de Nazca
Os aviões que sobrevoam as linhas partem do Aeroporto Maria Reiche Neuman (NZC).
Durante, aproximadamente, 35 minutos de voo, é possível ver, pelo menos, 14 das mais famosas figuras. Entre elas o colibri, o macaco, a baleia, o cachorro e a aranha.
Embora seja rápido, algumas pessoas passam mal durante o passeio – enjoo e vômito são mais comuns – porque o avião monomotor faz seguidos movimentos para os lados e fica voando em círculos sobre as figuras para proporcionar a melhor visão para os passageiros.
As principais empresas para sobrevoar as Linhas de Nazca são:
EMPRESAS | |
aerodiana.com.pe | +51999100825 |
aeronasca.com | +51989046289 |
alasperuanas.com | +51956640619 |
Quanto custa
Um assento no avião monomotor com quatro passageiros custa em torno de USD 100 – eu já encontrei promoção por USD 70. Neste voo, você sobrevoará 14 figuras por cerca de 35 minutos.
Além disso, é preciso pagar uma taxa aeroportuária de S/. 30 e o ingresso que custa S/. 47. Geralmente, as empresas buscam e deixam os passageiros no hotel.
Há, também, um sobrevoo VIP em aeronave para apenas dois passageiros que custa USD 120. No pacote estão inclusas todas as taxas e a aeronave sobrevoa também as Linhas da Palma – que ficam numa região próxima de Nazca –, em uma hora de voo.
Os voos acontecem todos os dias pela manhã e no final da tarde – normalmente, por volta das 9h e 16h.
Se você tem problemas de enjoo, sugiro que você faça o voo pela manhã e tente não comer muito no café da manhã – só não fique sem se alimentar.
Quando ir
Para você ter uma ideia, Nazca é conhecida como a cidade do verão eterno: o clima sempre é quente, seco e os dias são ensolarados.
A temperatura média anual é de 23 graus, mas entre os meses de janeiro e março ela pode superar os 30.
Se durante o dia você vai sentir calor, prepare-se para o frio da noite: as temperaturas podem cair até 15 graus.
Nazca está rodeada por um dos desertos mais secos do mundo, onde chuva é realmente coisa rara. O mês mais seco é setembro e janeiro é o mês com mais possibilidade de chuva.
O Peru, de forma geral, é um país propício a terremotos, embora a maioria deles seja de baixa intensidade. Mesmo sem representar risco de morte, os turistas podem se assustar ao sentirem a terra tremer.
O terremoto mais forte que atingiu Nazca aconteceu em 1996 e alcançou 7.7 graus na escala Richter.
A maioria dos terremotos não apresenta riscos para a população. Porém, é estranho acordar de madrugada sentindo o chão tremer – como aconteceu comigo.
Para saber onde aconteceram os últimos tremores de terra e qual a intensidade de cada um deles, você pode acessar o site do Instituto Geofísico do Peru.
Como chegar
Nazca fica a 453 quilômetros ao sul de Lima.
Seguindo de carro pela Carretera Panamericana, os primeiros 200 quilômetros são duplicados e praticamente retos e planos. No trecho, o visual é bastante interessante: a gente viaja cercado pelo deserto com dunas gigantescas.
Existem quatro postos de pedágio nesta rota.
Há ônibus partindo das principais cidades peruanas com destino a Nazca.
De Lima partem ônibus diários da Cruz del Sur e da Oltursa. Como Nazca é uma cidade pequena, não há uma estação de ônibus adequada.
→ Principais empresas de ônibus no Peru
O aeroporto mais próximo é o Aeroporto Capitão FAP Renán Elías Olivera (PIO), que fica a 220 quilômetros. O Aeroporto María Reiche Neuman (NZC), de onde partem os aviões que fazem o sobrevoo, opera apenas para empresas de táxi aéreo.
Onde ficar em Nazca
Nazca é a melhor base para quem quer sobrevoar as Linhas de Nazca – também é possível decolar da cidade de Pisco.
Não há exatamente uma região mais adequada para ficar hospedado em Nazca: como a cidade é pequena, se locomover de um canto para outro será fácil e barato.
Assim como em várias outras cidades do Peru, você pode contar com um hotel da rede peruana Casa Andina, mas, de forma geral, as opções de hospedagem são bem similares e com preços bem próximos. Ainda assim, sempre há uma melhor opção para cada tipo de viajante.
Casa Andina Standard Nasca
Sinônimo de qualidade e bom atendimento, o Casa Andina Standard Nasca fica bem perto da Plaza de Armas e do comércio de Nazca. Ele é um dos hotéis mais bem avaliados da cidade e, por isso, uma grande escolha.
Os quartos são ótimos, espaçosos, sempre bem limpos e as camas são excelentes, grandes e com roupas de cama de primeira linha. Os banheiros são muito bem cuidados e o café da manhã é bem farto. Os pratos servidos no restaurante também são muito elogiados.
Casa Hacienda Nasca Oasis
O Casa Hacienda Nasca Oasis é um hotel mais simples e também mais barato. Ele tem quartos com vista para os Andes e fica bem próximo ao Centro. Um táxi para qualquer bom restaurante da cidade custa PEN 20.
Os quartos são básicos, confortáveis e compatíveis com o preço da diária. Ele é indicado para quem vem a cidade com o objetivo de sobrevoas as linhas de Nazca e não faz questão de hotel caro.
Hotel Arequipa
O Hotel Arequipa fica a apenas quatro quadras da Plaza de Armas, onde fica o Centro de Nazca, e tem um atendimento agradável, muito comum entre os peruanos, que são sempre muito gentis.
Os quartos são bons, as camas são grandes e macias, com conforto na medida. Banheiros e áreas comuns estão sempre limpos e bem cuidados. O preço e justo e o café da manhã é bom. Vale a pena das uma olhada com mais calma.
Informações Básicas
Visto
Brasileiros não precisam de visto para entrar no país e o prazo máximo de permanência é de 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 90 dias.
Documentos
Você deve apresentar o passaporte, com seis meses de validade, ou a carteira de identidade, emitida há menos de dez anos e em bom estado de conservação.
Dinheiro
A moeda peruana é o nuevo sol, identificado pela sigla PEN e pelo símbolo S/. Para sua viagem, leve dólares e troque nas casas de câmbio.
Vacinas
A vacina contra febre amarela é recomendada para quem for viajar para a região amazônica. Veja como solicitar o certificado pela internet.
Informações sobre covid-19
Desde outubro de 2022, o governo peruano eliminou todas as exigências relacionadas à pandemia de covid-19 para entrar no país. Sendo assim, não é necessário apresentar exames ou comprovar vacinação.
Seguro viagem
Apesar de não ser obrigatório, viajar sem o seguro viagem não é uma boa ideia, pois é sempre bom saber que teremos atendimento médico e hospitalar na hora que mais precisarmos.
Além disso, o preço do seguro viagem é menor do que se costuma pensar e ele também garante que você estará amparado em situações como cancelamento da viagem, extravio de bagagem e muitas outras.
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O meu preferido é o AC 35 MUNDO COVID-19 (Exceto EUA), que é super completo e tem cobertura de assistência médica e hospitalar de até USD 35.000.
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