“É só seguir esta ladeira toda vida que você chega na Catedral”. Essas foram as primeiras palavras que ouvi ao chegar ao Centro Histórico de Diamantina, hoje às 4h36. Para quem veio à cidade a passeio, gastar uma vida inteira descendo uma ladeira pode parecer desanimador, mas não me espanto. Exagero é coisa de mineiro.
O sol ainda não tinha aparecido quando comecei a andar pelas ruas do Centro Histórico. A primeira estranheza é a pavimentação das ruas.
Mantidas as características de sua fundação, Diamantina é coberta por placas de pedras que por vezes desempenham a função da sinalização horizontal.
Não demora muito para os primeiros casarios especialmente bem cuidados aparecerem. Deles, seguem ruas e becos, e a iluminação pública adota o enredo arquitetônico clássico acompanhando as fachadas.
O comércio parece aquecido o ano inteiro: em cada um das portinhas lê-se uma placa muito bem ajustada à realidade da cidade.
Cada canto, um pedaço do passado
As igrejas, espalhadas pelos cantos da cidade, contam cada uma a sua própria história. A do Carmo, por exemplo, foi construída a pedido da escrava rainha Chica da Silva. Ela tem a torre do sino na parte de trás da construção.
Nos conta a história que, no período colonial, os escravos eram impedidos de passar por debaixo do sino, portanto estavam impedidos de ir à missa. Com a construção de Chica, isso não era mais problema.
O mercado antigo, logo ali ao lado da Catedral é, desde 1835, um dos principais pontos de comércio da cidade. Ali, os tropeiros vendiam ou trocavam seus produtos pelo precioso ouro e diamante. Do lado de fora eram comercializados os animais trazidos de outras terras.
A Casa do Muxarabiê, que hoje abriga a Biblioteca do IPHAN, é no mínimo curiosa. Uma das sacadas foi construída especialmente para que fosse possível observar o movimento na rua sem ser percebido (um Big Brother do século 18).
A cidade é encantadora: Arte, religião e história não se separam – unidas há séculos, basta botar o pé na rua para elas acompanharem as suas pegadas.
Aqui o sol nasce por de trás das montanhas e vai, aos poucos, revelando as belezas da cidade. O crepúsculo, com sua mistura de cores, pinta o céu de Diamantina. O dia amanhece. A cidade ganha vida e suas ruas movimento.
Estamos na semana JK, que comemora os 50 anos de Brasília e uma série de outros feitos do ex-presidente sonhador. Juscelino é fruto desta terra.
Muitos são os atrativos turísticos de Diamantina. Apenas no Centro Histórico gasta-se, pelo menos, dois dias para conhecer as igrejas, prédios públicos, casarios e afins.
A Casa de JK é o local ideal para começar conhecendo o início da história do político e do homem Juscelino. Na casa onde morou, hoje transformada em museu, estão organizados os utensílios da família e o quarto de JK, como realmente era.
O prédio abriga, ainda, um modesto acervo dos primeiros planos de JK para aquele que seria o seu maior feito: a construção da capital federal, Brasília.
Onde ficar em Diamantina
A maioria dos atrativos turísticos de Diamantina fica no Centro Histórico, que não é grande, mas é bem preservado
O Centro Histórico se espalha ao redor da Catedral Metropolitana de Diamantina.
Ela é uma ótima referência para escolher onde ficar em Diamantina: quanto mais perto da Catedral, melhor.
Nesta região, você estará perto de tudo e não vai precisar fazer longas caminhadas para encontrar bons restaurantes, cafés, bares, bancos e outros serviços que a gente sempre precisa durante uma viagem.
Por falar em caminhadas, preciso dizer que as ladeiras de Diamantina não podem ser ignoradas. Elas são bem íngremes e cansativas, e, para piorar, o calçamento irregular não ajuda: a gente tropeça e escorrega com muita facilidade.
Mas isso é o que faz Diamantina ser Diamantina, única e com características muito especiais, principalmente quando comparada a outras cidades históricas mineiras.
Ficar no Centro Histórico é a melhor solução para evitar as piores ladeiras.
Se você já conhece a cidade e quer ter novas experiências, ficar na área do Parque Estadual Biribiri pode ser uma boa ideia – a Pousada Vila do Biribiri é a única do vilarejo. Mas, é bom saber que estará isolado, longe da área urbana.
Para entender melhor tudo isso que expliquei, dê uma olhada no mapa abaixo.
Melhores pousadas e hotéis de Diamantina
Mesmo sendo famosa, Diamantina não tem muitas opções de hotéis e pousadas. Além disso, a maioria é bem simples, com estrutura pequena e poucos quartos.
É exatamente por isso que fazer as reservas com antecedência é tão importante: em feriados prolongados, na Semana Santa, no Carnaval e entre Natal e Ano Novo as vagas somem com muita rapidez.
O Carnaval de Diamantina é muito tradicional e sempre é uma grande festa.
Outro evento que movimenta a cidade é a Vesperata, que acontece em finais de semana de abril e outubro.
Se quiser aproveitar essas datas, será preciso se programar com antecedência.
As melhores opções de hospedagem na cidade são essas.
Pousada do Garimpo
A Pousada do Garimpo tem uma das melhores estruturas de Diamantina. Ela funciona em um casarão colonial super charmoso que foi completamente restaurado.
É uma das poucas pousadas que tem piscina – ela é realmente muito boa – e os quartos são bem confortáveis. Ainda merecem elogios o café da manhã, com pão de queijo fresquinho, e o atendimento, que é ótimo.
Casa Antunes
A Casa Antunes também funciona em um casarão colonial a poucos metros da Catedral. A casa pertenceu ao ex-prefeito João Antunes, que capitaneou o processo que incluiu Diamantina na lista de Patrimônios da Humanidade.
As suítes e os flats são muito confortáveis, bem cuidados e arejados. Dá para usar a cozinha da pousada e contar com a simpatia da dona da casa, que dá ótimas dicas.
Pouso da Chica
O Pouso da Chica também fica no Centro Histórico, perto de tudo. O casarão onde funciona a pousada é super bem conservado, com quartos arejados e muito confortáveis.
O café da manhã e o atendimento são ótimos, sempre muito elogiados. Vale a pena dar uma olhada com calma nesta pousada.
Relíquias do Tempo
Uma das mais tradicionais de Diamantina, a pousada Relíquias do Tempo tem quartos ótimos, camas muito aconchegantes e uma decoração detalhista.
Tem uma piscina no pátio interno, café da manhã farto e a localização é ótima, pertinho da Catedral.
Hotel Estilo de Minas
O Hotel Estilo de Minas fica fora do Centro Histórico, na margem da BR-367, que liga a cidade a Belo Horizonte – que está a pouco mais de quatro horas de viagem.
O hotel é novo, tem ambientes modernos e super bem cuidados. Os quartos são ótimos, espaçosos e o estacionamento é gratuito – bom para quem vai viajar de carro.
Hotel Tijuco
Projetado por Oscar Niemeyer, o Hotel Tijuco é um clássico da cidade. Então, se você valoriza história e admira arquitetura e não quer gastar muito, se hospedar neste hotel é uma boa opção.
Os quartos são básicos, sem luxo ou modernidade, mas a localização é ótima, pertinho do Centro Histórico.
Casas de temporada em Diamantina
Se você não conseguir uma vaga nas pousadas da cidade, alugar uma casa de temporada – ou um quarto – pode ser uma boa solução.
Villa Magna Chalés
Os chalés da Villa Magna também são excelentes. Eles ficam a cerca de um quilômetro do Centro, são novinhos, bem equipados e muito confortáveis.
Tem garagem, uma mini cozinha – com micro-ondas, cafeteira e frigobar – uma salinha, quarto com cama de casal ou duas de solteiro e banheiro. Vale a pena dar uma olhada com calma
Studio 53
A Studio 53 é uma pousada pequena, super bem localizada e que preserva o estilo colonial sem ficar parada no tempo – tem modernidade onde precisa, sabe como é? A casa é realmente espetacular e nos faz viajar no tempo.
Os quartos são confortáveis, o atendimento é excepcional e o café da manhã sempre tem pão de queijo fresquinho. Como fica em uma área muito movimentada, o barulho pode incomodar um pouco.
Pousada no Parque Biribiri
O Parque Estadual de Biribiri fica na Serra do Espinhaço e é ótimo para quem quer esticar a viagem e ter um contato mais próximo com a natureza: tomar banho de rio, entrar em cachoeiras e respirar ar puro.
Ainda dá para conhecer um pouco da Vila de Biribiri e comer aquela comida mineira feita no fogão a lenha.
Se você precisa desacelerar e renovar as energias, ficar na área do Parque é uma boa ideia. Mas, é preciso dirigir por doze quilômetros de estrada de chão, atravessando o Parque, trajeto que infelizmente não tem boa manutenção.
A Pousada Vila do Biribiri é a única do vilarejo.
Faixa de Preços em Diamantina
Agora que você já sabe quais as melhores áreas para ficar em Diamantina, dê uma olhada no mapa abaixo.
Ele mostra todas as opções de hospedagem – especialmente as do Centro Histórico – e os preços. Assim, você pode escolher a que se encaixa melhor no seu orçamento.
Onde ficar em Diamantina
O Centro Histórico é a melhor área para se hospedar em Diamantina, porque a gente consegue conhecer a parte histórica e ainda curtir os melhores bares e restaurante.
Nos arredores da Catedral, na região da Rua Quitanda, perto da Casa do Muxarabiê, está a região boêmia do Centro, que sempre tem um barzinho aberto.
Entre uma ladeira e outra, você vai encontrar lojinhas, museus, igrejas e muita – muita mesmo – simpatia, aquela que só os mineiros têm.
Espero que você consiga escolher onde ficar em Diamantina depois de todas essas dicas. Mas, se tiver alguma dúvida, deixe sua pergunta nos comentários que eu respondo.
JK e seu amor por Diamantina
Juscelino Kubitschek de Oliveira, popularmente conhecido como JK, é uma das figuras mais marcantes da história política brasileira. Além de ser o presidente do Brasil entre 1956 e 1961, JK tem uma ligação profunda com a cidade de Diamantina.
Essa relação especial contribuiu para a formação do político e estadista que se tornou.
Juscelino Kubitschek nasceu em 12 de setembro de 1902, no distrito de São João da Lagoa, próximo a Diamantina. Sua família se mudou para a cidade quando ele era criança, onde viveu grande parte de sua infância e adolescência. A beleza da cidade e sua rica história tiveram um impacto significativo na formação de JK, despertando seu amor pela cultura e pela política.
Durante seu tempo em Diamantina, JK frequentou o Grupo Escolar Dom Joaquim e iniciou seus estudos no Seminário de São Tiago, onde se aproximou do ambiente intelectual e político da época. Essa exposição precoce à educação formal e ao pensamento político moldou suas ideias e determinou sua trajetória futura.
Diamantina exerceu uma influência significativa em sua decisão de seguir a carreira política. A cidade histórica e suas figuras notáveis inspiraram JK a se dedicar ao serviço público. Ao longo de sua vida, ele trabalhou incansavelmente para melhorar a infraestrutura e o desenvolvimento do Brasil, realizando projetos ambiciosos como a construção de Brasília, a capital modernista.
Juscelino Kubitschek deixou um legado duradouro no Brasil, e sua conexão com Diamantina continua viva até os dias de hoje. A cidade preserva a memória de JK, e muitos visitantes têm a oportunidade de explorar os lugares que marcaram sua juventude e início de carreira, como a casa onde morou quando criança.
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Uma resposta
Oi.
Meu sonho é levar essa vida que você leva… rs
Achei seu blog por acaso porque estou em Diamantina também. Inclusive ajudo na coordenação da Semana JK.
Quarta-Feira tem Lô Borges, sabia?
Boas descobertas para você. 🙂