O bancário Luiz Cláudio Mauro fez uma viagem de carro na Bolívia com a família. Ele saiu de Brasília, chegou a Corumbá, cidade do Mato Grosso do Sul que faz fronteira com o país, e passou por Santa Cruz de la Sierra, Sucre, Potosí, Uyuni, Oruro e Cochabamba, de onde retornou para Santa Cruz.
Um dos grandes problemas que ele relatou na viagem foi a atuação da polícia boliviana. “Fomos parados 14 vezes pela polícia. Ao contrário do Brasil, onde raramente você é parado, na Bolívia, é difícil passar por um posto policial sem que lhe peçam os documentos”.
Ele conta que, em muitas cidades, há uma corda, com um pedaço de pano amarrado, atravessando a estrada e você só passa depois de mostrar os documentos. “A maioria dos policiais me pediu somente a habilitação e a Declaração Jurada. Mas, em dois casos, tive que apresentar o documento do veículo também”.
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Como é viajar de carro pela Bolívia
Luiz Cláudio conta que, no posto policial chegando a Santa Cruz de La Sierra, as exigências foram maiores: era necessário, inclusive, ter dois triângulos no porta-malas e um kit de primeiro socorros.
“Como eu tinha feito o dever de casa e estava com todos os documentos e equipamentos, eles disseram que minha ordem de circulação – que havia emitido na fronteira – era branca e que eu tinha que pagar R$ 50 pela ordem de circulação do formulário verde”, conta.
O bancário até tentou argumentar, mas, simplesmente, foi orientado pelo policial a trazer uma Brahma para eles da próxima vez e, assim, evitar problemas.
Gasolina com preço diferente
No posto policial de La Angostura, saindo de Santa Cruz, a família foi parada novamente. Desta vez, o policial exigiu os recibos dos postos de gasolina para provar que ele tinha comprado o combustível no valor de estrangeiro. “Isso me pegou de surpresa”, conta.
“Eu expliquei ao policial que não tinha guardado os recibos e, no final, ele ficou com o galão de combustível extra, de 20 litros, que eu carregava no porta-malas, e me deixou passar”, lembra.
Não são todos os postos de gasolina que vendem combustível para estrangeiros, é necessário ter um sistema, no qual são inseridos os dados do carro e do motorista. Por lei, o posto deve cobrar um valor mais caro de estrangeiros.
“Em janeiro de 2018, o preço cobrado de estrangeiros era de BOB 8,80, cerca de R$ 4,40. Para os bolivianos, o preço era de, aproximadamente, R$ 1,10”, informa.
O viajante de Brasília conta que, mesmo nas cidades maiores, é preciso ficar circulando de posto em posto até achar um onde é possível encher o tanque do carro. Isso aconteceu com Luiz Cláudio em Santa Cruz de la Sierra. Então, uma dica muito importante é nunca deixar o tanque na reserva. “E guarde a porcaria do recibo emitido pelo posto”, alerta.
Vão parar seu carro na Bolívia
Depois disso, Luiz Cláudio e sua família passaram por outros onze postos policiais, que apenas pediram os documentos e os deixaram seguir sem custos adicionais. “A declaração jurada é o documento mais pedido de todos”, alerta.
DECLARAÇÃO JURADA
Para entrar e dirigir no território boliviano é preciso ter a Declaración Jurada de Ingreso y Salida de Vehículos de Uso Privado. Ela é emitida pela Aduana Nacional de Bolívia, geralmente, nos principais postos de fronteira.
O problema é que muitos brasileiros que viajam de carro na Bolívia ignoram essa obrigação. Eles entram no país livremente, sem o bendito documento, e seguem até serem parados pela fiscalização.
Como a lei boliviana garante ao Estado o direito de confiscar qualquer veículo com placa de outro país que trafegue por aqui sem a declaração, alguns policiais aproveitam para extorquir os motoristas.
Na volta para casa, quando passou pelo posto La Angostura pela segunda vez, Luiz Cláudio conta que o policial disse que as duas ordens de circulação – a branca e a verde – tinham todas as cidades, mas não diziam que ele voltaria para Santa Cruz.
“Ele me cobrou BOB 30 – cerca de R$ 15 – para emitir a terceira ordem de circulação. Enquanto eu estava discutindo com ele – inutilmente, só pelo prazer do debate –, o policial recebia propina de um boliviano, que, ameaçado de ter o veículo confiscado, pagou para seguir viagem”, desabafa o viajante.
A polícia é corrupta mesmo?
Antes de viajar, Luiz Cláudio leu muitos relatos de corrupção por parte da polícia da Bolívia. Hoje, a impressão que tem é de que o problema está setorizado ao redor de Santa Cruz de la Sierra, pois, dos 13 postos policiais que os pararam, em dois, os policiais eram desonestos.
“Carro com placa do Brasil é como uma galinha dos ovos de ouro: você será parado e achacado, principalmente, em Santa Cruz de la Sierra e La Angostura”, diz.
O viajante complementa seu relato dizendo que algumas estradas estão sendo asfaltadas – como a que liga La Palizada a Sucre. “São muitos trechos em obras e a estrada é cheia de pedras, isso é pior do que uma estrada de terra”, alerta o viajante.
Segundo ele, as melhores rodovias estão entre Corumbá e Santa Cruz de la Sierra, e entre Uyuni e Oruro. Mas, é importante atentar para que a maioria dos terrenos não tem cerca e os animais ficam livres para atravessar a estrada.
“No mais, tirando os trechos de estrada péssima e os postos policiais de Santa Cruz e La Angostura, viajar de carro na Bolívia foi ótimo, e os cenários são lindos, cheios de lhamas e vicunhas. Tenho vontade de repetir, mas daqui a alguns anos, quando as obras estiverem terminado”, conclui.
Informações Básicas
Visto
Brasileiros não precisam de visto para entrar e permanecer no país por até 90 dias. Esse prazo pode ser estendido por mais 90 dias.
Documentos
Você pode usar o passaporte, com validade de seis meses, ou a carteira de identidade, emitida há menos de dez anos.
Dinheiro
A moeda oficial é o boliviano, representado pela sigla BOB. Veja como usar seu dinheiro na Bolívia.
Vacinas
A vacinação contra febre amarela é obrigatória. Veja como emitir o Certificado Internacional de Vacinação.
Informações sobre covid-19
Desde 31 de julho de 2023, não há restrições para entrada na Bolívia. Isso significa que não é mais necessário apresentar comprovante de vacinação ou testes de covid-19.
Veja mais dicas da Bolívia
Ficou mais fácil planejar sua viagem? Se tiver alguma dúvida é só deixar sua pergunta nos comentários que eu respondo.
Se preferir, pode falar comigo no Instagram: @altiermoulin. Agora, aproveite para ver outras dicas da Bolívia.
Respostas de 19
Oi, Daniela.
Nunca me pediram, mas não viaje sem.
Um abraço.
Amigo boa noite!
Uma informação por favor: alguma vez na Bolívia te pediram a carteira de vacinação de febre amarela?
Agradeço as dicas
Até
Sim, Fabrício.
É possível evitando todas sem asfalto
Hoje em dias a qualidade das rodovias bolivianas melhorou muito.
Um abraço.
Belíssimo relato Altier. Muito obrigado pelas dias. Tenho a intenção de fazer esse roteiro e por isso estou pesquisando bastante. Seu relato foi muito esclarecedor.
Você saberia me dizer se é possível fazer essa rota com um carro comum, tipo um Chevrolet Prisma 1.4?
pode ter certeza que na Bolivia é pior, faz parte da cultura deles, chega ser dificil de acreditar, mas sim a corrupção e ol dinheiro são os donos da verdade en bolivia.
vivo en santa cruz a un ano e meio e digo com certeza que só pelo fato de voce ser brasileiro vãoo inventar qualquer coisa pre te roubar dinheiro, principalmente a policia, os cidadãos comerciantes também.
Ótimo relato de viagem. Bem esclarecedor. Mais um relato para refletir sobre entrar de carro/moto na Bolívia. Achei muito legal, a família viajar junto. Nós também, sempre, viajávamos em família. Hoje os filhos estão adultos e nem sempre temos o mesmo tempo. Eu e meu marido adoramos viajar e, atualmente, vamos nós 2 apenas, no máximo algum(uns) filho(s) que possa acompanhar. Eles também adoram viajar. Recentemente, nos desafiamos e fizemos uma de moto (350cc) para o Uruguai. Eu na garupa. Nenhuma polícia uruguaia nos parou. Tivemos contatos apenas nas imigrações e nada mais. A “setorização” que mencionou, também percebemos que ocorre na rota 12 e 14 na Argentina, principalmente na Província de Entre Rios. Em todas as viagens que fizemos para Buenos Aires e pela Patagônia Argentina e Chilena, fomos abordados nesse trecho apenas. No Peru, também fomos abordados, em Juliaca e em Puno furtaram a bagagem e jaqueta de moto do meu marido, no estacionamento do hotel. Percorremos de carro/moto alguns países da América do Sul, mas sempre evitamos a Bolívia e o Paraguai. Mas gostaríamos muito de conhecer o Salar de Uyuni e pensamos em entrar pelo Chile, saindo do Brasil por Foz.
Tenho um filho deficiente físico ♿️, no Brasil os veículos são registrados em nome deles para obter isenção de impostos, porém eu sou o condutor!
Essa situação é permitida na Bolívia? Já ouvi relatos de apreensões de veículos simplesmente pelo fato do condutor não ser o proprietário…., porém meu filho estará junto comigo, mas não dirige devido à sua deficiência!
Sim, você estará em outro país.
É obrigatório.
Um abraço.
Me falaram que o carro necessita ter seguro internacional. Isos procede?
Policia corrupta infelizmente existe em quase todos os lugares, no Brasil também.
Não entendi.
Boa tarde a todos! Para que for passar pelo Atacama, não seria mais prudente conhef o salário de excursão a partir de San Pedro, por exemplo?
Obrigado, Magalikisman.
Um abraço.
É verdade. Infelizmente a corrupção no meu país é nojenta e mais do que vergonhosa. E o pior é que vem daqueles que deveriam ajudar e proteger a sociedade. Na verdade, a sociedade boliviana está sumergida na corrupção, – é claro que não todos, mas sim uma grande maioria, lastimosamente.- Por onde a gente for tem sempre alguém querendo tirar proveito da situação. – me refiro a “propina”- Então, é bom mesmo estar sempre preparados e ser mais expertos, para não dar motivos, e nem ração as afrontas deles e nem mesmo aquilo q eles mais procuram. Kkk
Gostei muito do seu relato…
E sinto muito q tenha passado por essas experiências chatas. Mas espero q pelo menos o restante tenha sido bom para você e sua família. Abraços…
Oi, Marcella.
É um documento que você tem que preencher na chegada à Bolívia, na primeira fronteira.
Não deixe de fazer isso.
Um abraço.
Olá! Estou planejando fazer uma viagem de carro à Bolivia no fim do ano. Desculpe a pergunta, mas o que seria essa declaração jurada?
Por nada, Glaucia.
Um abraço.
Ótimo relato. Obrigada pelas informações.