20 atrações imperdíveis do Jalapão: roteiro de quatro dias

Se você está montando um roteiro para conhecer esse pedaço mágico do Tocantins, não deixe de fora essas 20 atrações imperdíveis do Jalapão.

São experiências muito diferentes, mas que se completam de uma forma muito interessante, e o melhor é que alguns lugares já são bem famosos, mas outros recebem poucos turistas.

Eu acho isso muito bom, porque a gente tem outra percepção do lugar.

Meu roteiro foi bem completo – eu fiz muitas coisas em quatro dias – e deu para conhecer praticamente todas as trações do Jalapão.

Atrações imperdíveis do Jalapão

Eu vou explicar com detalhes como é cada uma delas, mas a lista é esta:

1. Cachoeiras de Taquaruçu;
2. Cânion do Sussuapara;
3. Cachoeiras do Rio Soninho;
4. Morro da Cruz;
5. Pedra Furada;
6. Cachoeira do Lajeado;
7. Cachoeira da Velha;
8. Serra do Espírito Santo;
9. Dunas do Jalapão;
10.  Cachoeira do Formiga;
11. Fervedouro do Rio Sono;
12. Fervedouro dos Buriti;
13. Fervedouro Encontro das Águas;
14. Fervedouro do Buritizinho;
15. Fervedouro Bela Vista;
16. Cachoeira das Araras;
17. Morro da Catedral;
18. Lagoa do Japonês;
19.  Comunidades tradicionais;
20. Morro Vermelho (dica extra);

Antes de continuar, eu preciso explicar uma coisa muito importante, que certamente você já deve ter se perguntado.

Vale a pena viajar de carro particular e sem guia?

Quem já leu alguma coisa do Jalapão sabe que ele fica em uma área bem remota e de exuberante beleza natural.

Criado em 2001, o Parque Estadual do Jalapão ainda é um lugar de natureza bruta e muitas áreas são, de verdade, de difícil acesso.

E tem mais algumas coisas que você precisa saber.

Uma delas é que conhecer toda a área do Jalapão de uma vez só impossível.

São 34 mil quilômetros quadrados de cachoeiras, trilhas, fervedouros e nascentes espalhados por várias cidades e povoados.

Então, nem precisa querer fazer mil coisas ao mesmo tempo e não se programar bem para isso: os deslocamentos são longos e nem sempre fáceis.

Também é preciso saber que toda a região ainda muito carente de infraestrutura não há estradas pavimentadas, a sinalização é insuficiente, o sinal de GPS não é confiável e internet e sinal de celular são raridade em muitas partes – até nas cidadezinhas.

Então, tudo acaba sendo imprevisível quanto a gente escolhe viajar pelo Jalapão de carro particular e sem guia.

Eu vi vários carros atolados, quebrados e pessoas se sentindo sem rumo: inclusive, tivemos que ajudar um casal que estava perdido à noite.

É melhor ir com agência

Eu viajei com a Cerrado Dourado e conheci o Jalapão da melhor forma – sem preocupação alguma – e vi todas as atrações imperdíveis do Jalapão.

A minha experiência foi tão boa que eu sugiro que você faça o mesmo – contrate um passeio guiado e, de preferência, em um veículo com ar-condicionado.

Isso não é frescura: em algumas áreas do Jalapão os termômetros registram temperaturas acima dos 50 graus na estação mais quente.

→ Quando ir ao Jalapão

Mas você deve estar pensando que fica mais caro, né?

Eu fiz os cálculos e, contando os gastos com aluguel de um veículo 4×4 – sim, é indispensável -, combustível, alimentação, hospedagem e a entrada nos atrativos, viajar de forma independente fica mais caro.

Depois que explicar tudo isso para que você sinta mais segurança – isso é o mais importante sempre – vamos falar do roteiro e das atrações imperdíveis do Jalapão.

Roteiro de quatro dias pelo Jalapão

O principal ponto de partida para quem vai conhecer o Jalapão é Palmas, a capital do Tocantins.

A viagem até Mateiros, uma das cidades base para conhecer o Parque, demora mais ou menos seis horas: são pouco mais de 300 quilômetros sendo que a maior parte é em estrada de chão.

Por falar nisso, as cidades base para conhecer o Jalapão são Mateiros, como eu falei, Novo Acordo, Ponte Alta do Tocantins e São Félix do Tocantins.

→ Onde se hospedar no Jalapão

Recentemente, a cidadezinha de Pindorama do Tocantins ficou famosa por causa da Lagoa do Japonês, mas ela não fica no Jalapão.

DIA 1: cachoeiras, Morro da Cruz e Pedra Furada

Bem pertinho de Palmas, a primeira parada do meu roteiro foi para conhecer as cachoeiras de Taquaruçu. Um distrito mais afastado da capital, mas que está na rota do Jalapão.

A Escorrega Macaco e a Roncadeira foram as primeiras cachoeiras da expedição e, apesar de ter sido uma parada rápida, elas serviram como aperitivo para o que  vira pela frente.

Depois de dar um banho nas águas geladas da Roncadeira – é bem gelada mesmo -, a viagem seguiu até o Cânion do Sussuapara e a Cascata dos Desejos, que ficam a 20 quilômetros de Ponte Alta do Tocantins, a primeira cidade do meu roteiro no Parque Estadual do Jalapão.

Qual seria seu pedido?

O cânion que se abre na rocha arenosa esconde uma pequena cachoeira – a Cascata dos Desejos que, pelo que dizem, tem a capacidade de realizar pedidos secretos: você só precisa entrar debaixo da pequena cachoeira, fechar os olhos e ter pensamento positivo.

Depois você me conta se funciona. Combinado?

Para aliviar o calor do Jalapão

A viagem continuou e, depois de alguns quilômetros, fiz uma parada nas cachoeiras do Rio Soninho.

Descendo por uma laje de Pedras, o rio, que tem fama por suas águas tranquilas, ganha força e esculpe nas rochas uma cratera profunda e perigosa.

É impossível tomar banho nessa parte, mas, poucos metros acima da queda principal, há outras menores e é nelas que eu me refresco do calor quase insuportável do Jalapão.

Uma história incrível

O Morro da Cruz acompanha, praticamente, todo o cenário dessa região e não será difícil notar a presença dessa montanha de forma curiosa.

Imponente, ela é a mais alta dessa parte do Jalapão e, justamente por isso, sempre foi usada como ponto de orientação pelos primeiros exploradores do Parque.

O monte recebe esse nome por causa de um antigo cemitério que fica aos seus pés. Embora muitas cruzes já tenham sido consumidas pelos incêndios que são frequentes nesta região, vale muito a pena conhecer as histórias do Morro da Cruz.

Pôr do sol na Pedra Furada

No fim da tarde, minha viagem ao Jalapão segue em direção à Pedra Furada. Ela é o melhor lugar para ver o pôr do sobra a imensidão Cerrado.

Esse rochedo de arenito ficou conhecido por seus buracos escavados naturalmente pelo vento e pela chuva ao longo de milhões de anos e é um ponto de encontro de quem está viajando pelo deserto brasileiro – que de deserto não tem nada.

Você não pode perder o incrível pôr do sol na Pedra Furada por nada na vida e, por isso, é preciso ter uma organização de horários: depois que anoitece, você não vai mais voltar a esta parte do Jalapão.

Na primeira noite eu dormi em Ponte Alta do Tocantins, na Pousada Águas do Jalapão.

DIA 2: Cachoeira da Velha e Dunas do Jalapão

Meu segundo dia de viagem começou às 7h com um café reforçado e, antes das 8h, já estou na estrada seguindo para a Cachoeira do Lajeado, uma parada que não estava prevista no meu roteiro: a gente também vai descobrindo coisas pelo caminho.

Quando cheguei na área da cachoeira vi que tinha tido uma queimada bem recente. Com mencionei rapidamente, elas são bem comuns no Cerrado – e muitas vezes necessárias – e, em pouco tempo, tudo se recupera.

Por causa da seca, o volume de água estava bem baixo, mas o buraco que se forma no final da cachoeira mostra força que ela tem quando está mais volumosa.

Você já fez rafting?

A Cachoeira da Velha é a próxima parada do roteiro de quatro dias pelas atração imperdíveis do Jalapão.

Ela fica no rio Novo e é a maior do Jalapão. E o mais legal é que a gente pode contemplar toda sua beleza e, também, se aventurar e fazer rafting na Cachoeira da Velha.

A descida é curta, mas tem trechos que dão aquele frio na barriga, sabe como é? O ponto final é uma prainha que se forma na margem do rio, a cerca de 1,5 quilômetro depois da largada.

Além disso há algumas história bem interessantes sobre a Cachoeira da Velha: dizem que Pablo Escobar tinha uma fazenda na região e que a cachoeira é habitada pelo espírito de uma velha – que aparece para alguns visitantes às vezes.

Será que é verdade? Anote aí mais uma coisa que você tem que me contar depois.

Comunidades tradicionais

Em vários pontos do Jalapão, a gente encontra pequenos povoados onde vivem comunidades tradicionais de quilombolas.

De forma bem simples, podemos dizer que os quilombolas são descendentes e remanescentes de negros escravizados e fugitivos que viviam nos quilombos, a partir do século 16 até 1.888, quando houve a abolição da escravatura no Brasil.

Na nossa rota, muitas vezes a gente entra na propriedade dessas família e até em suas casas para visitar um fervedouro ou uma cachoeira que fica no fundo do quintal.

Portanto, é preciso ter respeito e cuidado, porque eles vivem ali. Seja educado, leve e aproveite para estar em contato com pessoas tão simples, mas que têm uma história de vida que deve ser muito mais interessante que as nossas.

As casas são, geralmente bem simples, feitas de adobe, um tipo de tijolo que eles fazem com barro e capim e o telhado é de palha mesmo.

Agora, o cheiro de comida boa que saia da cozinha foi a melhor parte: deu até vontade de me convidar para ficar para o almoço, mas não tive coragem.

Eu fiz várias paradas assim. A primeira foi no Povoado Rio Novo, onde experimentei sorvete artesanal de mangaba e conheci um pouco mais do estilo de vida de quem mora no Jalapão: fiz três amigos, mas só consegui tirar foto com dois deles.

Capim Dourado

Mais para frente, há paradas para conhecer como é feito o trabalho das mulheres que dão diferentes formas ao capim dourado, transformado os fios em joias, bolsas, cestos e muitas outras coisas.

A passagem é rápida e, mas tenho tempo suficiente para entender a importância disso tudo para essas mulheres e suas famílias.

Elas demonstram como é a colheita, em que época pode ser feita e como pensam as peças que vão produzir – como se fossem um conjuntos de estilistas com ideias e trabalhos que se complementam.

Não saio sem comprar o meu pedacinho de arte que nasce no coração do Jalapão.

Seguindo para as Dunas

Seguindo o roteiro, com o objetivo de conhecer as atrações mais imperdíveis do Jalapão, a próxima parada é na Dunas do Jalapão.

Antes de chegar às dunas, já dá para ver a Serra do Espírito Santo e o Morro Saca-Trapo, que surgem na frente do carro e vão nos acompanhando até a próxima parada.

A Serra do Espírito Santo tem uma trilha que a gente faz na madrugada para ver o sol nascer lá de cima – com toda certeza você não pode perder isso.

O Morro Saca-Trapo tem esse nome porque era muito utilizado por caçadores que acabavam deixando para trás os panos – os trapos – que protegiam suas espingardas.

Pôr do Sol nas Dunas do Jalapão

O dia já estava terminando e a gente precisara chegar a tempo de ver o pôr do sol nas Dunas do Jalapão, um dos lugares mais emblemáticos dessa região.

As dunas se formaram da areia que desce a Serra do Espírito Santo trazida pelo vento. Por isso, a areia é alaranjada e ganham ainda mais cor com os raios de sol.

É só achar um lugar para sentar e esperar o espetáculo acontecer.

Quando a noite chega eu já estou em Mateiros, a cerca de 50 quilômetros das Dunas. É nessa cidade, considerada a capital do Jalapão, que durmo.

DIA 3: Serra do Espírito Santo e fervedouros

O terceiro da expedição começou bem mais cedo: eu acordei às 3h15 da manhã para subir até o topo da Serra do Espírito Santo, para ver lá do alto toda a região que conheci no dia anterior.

O momento que o sol aparece no horizonte, dando vida e cor a tudo ao meu lado jamais vai sair da minha memória: foi uma das coisas mais incríveis que fiz no Jalapão – sem dúvida alguma uma das atrações imperdíveis do Jalapão.

Então, não deixe de subir a Serra do Espírito Santo para ver as dunas aos pés do monte, as outras montanhas no horizonte e ouvir, em silêncio, o despertar dos pássaros. Tudo em perfeita harmonia.

Cachoeira do formiga

Depois de um café reforçado, peguei a estrada mais uma vez mas agora em direção à Cachoeira do Formiga, uma das atrações imperdíveis do Jalapão.

Com água verde-esmeralda, o poço que se forma no fim da cachoeira é simplesmente uma das melhores coisas que já vi na viagem.

Mergulhei muitas e muitas vezes como se não acreditasse que aquilo era real: a Cachoeira do Formiga é mesmo indescritível.

Para mim, a Cachoeira do Formiga está no topo das atrações imperdíveis do Jalapão, mas os fervedouros são, para a maioria dos viajantes, os mais curiosos.

Nessas nascentes que trazem água do fundo da terra, o solo arenoso cria uma ilusão como se tudo estivesse realmente fervendo.

O imperdíveis fervedouros

Ao todo, existem oito fervedouros que podem ser visitados no Jalapão.

O primeiro da minha lista é o Fervedouro do Rio Sono. Ele fica na propriedade da Dona Olaídes, que prepara um almoço caprichado servido no fogão à lenha em um galpão de terra batida e coberto com palhas de piaçava, palmeira abundante na região.

Esta é uma das comunidades tradicionais que comentei e que sempre estarão no nosso caminho.

A poucos quilômetros do primeiro, fiz outra parada, para conhecer o Fervedouro dos Buriti, que fica na terra do Seu Lino, dentro de uma comunidade quilombola.

Eu confesso que é uma sensação estranha pisar nos buracos que, apesar de terem uma profundidade absurda, não nos deixam afundar por causa da pressão da água que brota da terra.

Mas, depois de um tempo, relaxei e já me sentia confiante para flutuar nesses lagos de águas tão incrivelmente cristalinas.

Antes de o dia terminar, eu ainda conheci o Fervedouro Encontro das Águas. Ele é pequeno, mas é o mais forte de todos.

Depois de usufruir dos fervedouros, eu sugiro que você faça como eu e vá ao Rancho 21, para experimentar a comida da Dona Terezinha, mineira que sabe fazer um delicioso arroz de cuxá.

DIA 4: um pouco de tudo

Meu quarto dia de viagem pelo Jalapão começou na estrada, seguindo para o Fervedouro do Buritizinho. Ele fica nas terras do Seu Nô, descendente de quilombola e, talvez, esse seja o que tem menos infraestrutura.

Justamente por isso é importante obedecer às regras de não pular e andar sobre as placas de madeira colocadas nas margens.

O maior e mais bonito fervedouro do Jalapão fica em São Félix do Tocantins, e se chama Fervedouro Bela Vista – uma das super atrações imperdíveis do Jalapão. Ele tem uma infraestrutura melhor, com trilha calçada e um deque muito bacana. A beleza desse lugar é algo praticamente inacreditável.

A cor e a temperatura da água, a vegetação ao redor, os peixinhos que nos acompanham nos fazem ter vontade de ficar o dia inteiro aqui dentro. Eu explico isso melhor em: Os incríveis fervedouros do Jalapão.

Cachoeira das Araras

A minha próxima parada é na Cachoeira das Araras. Na propriedade do Seu Hélio, sou recebido com atenção e fartura. O almoço é seguido de uma breve soneca na rede que fica debaixo de um enorme pé de manga.

Com as forças renovadas, desço poucos metros até a cachoeira, que também está com o nível de água bem abaixo do normal, mas, mesmo assim, encanta por sua beleza: os paredões são cobertos pela vegetação e o lago tem tons dourados, dependendo da posição do sol.

O Morro da Catedral e o Morro Vermelho

No caminho de volta a Palmas, ainda faço uma parada no Morro da Catedral para registrar a curiosa formação dessa montanha que realmente parece a fachada de uma igreja.

Mas, a última parada antes de terminar a viagem ao Jalapão, é no Morro Vermelho, que fica na região da Serra do Gorgulho. De carro, passo pela Chapada das Onças, uma região onde o avistamento de onças é mais frequente.

Infelizmente, não tive a sorte de ver o felino mais temido do Brasil, mas o pôr do sol, no finalzinho do dia, foi a minha recompensa.

Como viajar para o Jalapão

Quanto custa

O pacote de quatro dias no Jalapão custa a partir de R$ 1.999, mas há descontos para grupos e famílias.

Esse preço inclui transporte em veículos 4×4, hospedagem em pousadas, refeições típicas, água mineral e lanches durante os deslocamentos, taxas de entrada nos atrativos e o guia de turismo.

Outras atividades, como o rafting na Cachoeira da Velha e a subida na Serra do Espírito Santo, são cobradas à parte.

O que levar

Como faz muito sol praticamente o ano inteiro, é indispensável trazer protetor solar, roupas leves e um boné ou chapéu. Repelente de insetos, sandálias, tênis confortável e uma garrafinha de água também devem estar em sua bagagem.

→ Onde ficar em Palmas